Sem rótulos, sem fórmulas...

Aqui será sempre um prazer quebrar seus tabus!

sábado, 20 de março de 2021

Bailarina Cósmica

Ela atravessa o quarto 

e minhas crenças. 

Aquela dançarina sabe como 

envolver minha mente.

Do outro lado, seu passo nu a me convidar gentilmente. 
Minha expressão ávida que tudo vê, 

Diz sim sem perceber

Nessa dança em que a fagulha de fogo importa, 

Essa bailarina de olhar profundo vem alterar minha rota

A dança cósmica é iniciada;

 Faíscas escapam 

das pupilas que dilatam, 

A visão que contempla a beleza fugaz, 
O desejo que arde de forma frenética, 

tão perspicaz 

Meu peito não arde e minha alma entende
Porquê essa carne que queima é tão surreal quando sente?

Meus dedos percorrem com urgência, 
Viciados no prazer inestimável que é tocar sua essência

Estou certa que junto ao seu líquido emana algum tipo de magia
Pois minha boca salivando se perde e se encontra em tua pele macia
Te beber, te engolir, 
arrancar-lhe os gemidos que ainda não pude ouvir
Imersa em sua carne entregue,
 me alimentando de ti até que sua alma sossegue.







domingo, 18 de outubro de 2020

A Roda do Tempo

O que são 2 minutos?

Com 2 minutos é possível conhecer o amor de sua vida e com 2 minutos pode não ver mais a pessoa que tanto amou. Por 2 minutos uma vida pode nascer e por 2 minutos muitas vidas estão a morrer.
O que é o tempo? O que são 2 minutos?
Por 2 minutos perdi o barco. Por 2 minutos se muda toda uma trajetória planejada. Por 2 minutos se olha nos olhos e 2 minutos se convertem em 2 horas ou uma eternidade. 2 minutos é muito tempo ao mesmo tempo em que são necessários 60 minutos para completar 1 hora dentro de 24 horas que formam um dia. 2 minutos então não é nada. Mas foi por 2 minutos que te vi sorrir e o relógio parou. Por 2 minutos não te percebi e por 2 minutos te observei. Foram 2 minutos em 2 olhos imensos que me mantiveram presa por 2 semanas ou foram meses?
Por 2 minutos te olhei dormindo e meus olhos também adormeceram. Foi por 2 minutos que segurou minha mão naquela manhã e por 2 minutos senti ternura e calma em meu coração que por 2 minutos parou e acelerou. Por 2 minutos encostei meus labios aos seus e por 2 minutos te perdi. 2 minutos é o que eu gostaria de ter só pra te ver novamente. Por 2 minutos agora cochilei e comecei a escrever e só então percebi que foram necessários 2 minutos pra me lembrar o que senti por vs. Por 2 minutos do seu dia pensa em mim que muito mais que 2 minutos estou sempre a lembrar de vs. Por 2 minutos reflita e por 2 minutos venha me ter.
Esses São meus 2 minutos de saudade insana!

quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Fórmula da Alma

Porquê vives se metendo em situações que impedem sua evolução?
Primeiramente não acredito que alguém focado no amor possa ser impedido de evoluir já que o amor é a origem da evolução.
Então acredito na evolução do outro e acreditando me lanço nesse nada em que meus olhos enxergam um mar de possibilidades infinitas. Acredito na plenitude do amor e como ele vive dentro de cada mundo particular. 
Acredito no ser humano em sua essência puramente humana, ainda que seus atos revelem traços de pura desumanidade. 
Sigo acreditando no amor, no ser humano e no que pulsa dentro de cada peito. 
Acredito nessa energia que arde e queima a carne mortal para se tornar vital. 
Não se cala o amor, não se mede o amor, não se cobra, não se vende. Ele é selvagem e liberal, não se corrompe nem se anula.  
Quando em silêncio, enche os olhos e inunda a alma. 
Transborda em batimentos cárdiacos, em lágrimas, sorrisos e talvez até roube o fôlego quando lhe convém. Não há como fugir, fingir nem há motivos para tal. 
Quem o finge não sentir, sente dobrado. 
Quem assume sua fórmula, carrega consigo o sol estampado na alma.
Quando dizem; vs se apaixona muito fácil e todos os dias. 
Não! Eu amo todos os dias a mim e as pessoas porque nasci do amor e sou feita amor da cabeça aos pés! Amar não dói. O que dói é ter consciência que algumas pessoas perderam a capacidade de amar. 
O mundo está doente e o amor é a cura. 
Eu vim ajudar, amando, sem medo, sem nada esperar, apenas tocando almas com a intenção de amar!



sexta-feira, 24 de abril de 2020

ODARA

O mundo é uma mulher sedutora de palavras macias e vorazes, 
com o olhar profundo e avassalador. 
Cativante e convidativo, 
sempre dual.
Comecei querendo falar do mundo, mas o mundo se tornou grande demais e pequeno demais. 
O tamanho do mundo ficou desproporcional de repente e fui engolida antes que eu o descrevesse. 
Ele não quer ser interpretado e me repeliu lançando perguntas de uma intimidade cruel, 
me afundando em sua infinidade de respostas não palpáveis. 
Quando dei por mim, já havia me afogado 
sem ter concluído um parágrafo se quer 
de uma breve apresentação apropriada.
O mundo anda me arrancando palavras que permaneciam guardadas no recanto de minha alma. 
Ao tentar formular um argumento qualquer, 
percebo defeituosa a escrita que me resta 
e as palavras perdem a intensidade real que mantinha toda essa estrutura soterrada.
Enquanto tentava expressar o mundo, 
me deparei com a relevância da palavra. 
As ditas, não ditas, 
mal-ditas palavras, 
as que aliviam e sufocam, 
as verdadeiras e as falsas. 
Palavras que se expressam por outras vias. 
Esse turbilhão de significados, significantes, 
silabas,sinônimos 
e símbolos que pulsam, 
ardem, queimam 
e anulam tentativas passageiras, 
mal interpretadas, abortadas antes de uma tradução pacifica. 
O mundo não aceita palavras como resposta 
e as perguntas são tão sorrateiras como a crença de uma possível resolução.
Tão cheio de artimanhas, 
viro-me com a sentença da expressão indecifrável, 
a formula mágica da incógnita infindável de 
desenhar o que não se lê. 
Se me procurares por aqui e não me encontrares, 
logo ali adiante estarei em um breve instante 
que sua visão enganosa mais uma vez não enxergará. 
Em algum lugar inerte no tempo e no espaço que não ocupas 
por plena e singela insensatez. 
Se por acaso lhe for dotado a sensibilidade capaz de compreender 
esse mundo vasto e complexo onde reina minha loucura, 
onde o silêncio encontra morada segura, 
lhe direi com toda certeza e alegria; 
Bem vinda a Odara!

Mayara Bragança

quinta-feira, 2 de abril de 2020

Escombros de Um Chapeleiro Maduro

O chapeleiro maluco já não era mais tão maluco, 
mas Alice insistia em caminhar nos escombros 
do país das maravilhas. 
Percebia os restos de tudo que havia deixado para trás 
e agora as lembranças alimentavam a lucidez do presente. 
O chapeleiro que antes maluco, 
agora tão sábio e maduro orientava Alice 
ao não regresso do que outrora havia levado a destruição daquele país 
que nem se quer era das maravilhas. 
Alice confusa não encontrava palavras que elaborassem um bom argumento para tamanha maturidade de 
um maluco que havia sido também chapeleiro. 
Ou era o contrário? 
Alice nunca saberá, 
o chapeleiro nunca dirá. 
Alice agora caminha não mais saudosa do país de malucos, 
mas saudosa do que poderia ter sido e não foi 
naquele país que de tão real era também fictício. 
Seguir adiante, chapeleiro carregado na memoria e 
os escombros esquecidos no país das maravilhas 
a história já havia de fato se acabado.

segunda-feira, 23 de março de 2020

Personalidade Indígena Caçada a Laço


Esses traços perfeitos, tão cheio de imperfeições étnico raciais.
Esses traços repleto de lembranças hereditárias, dessa genética frenética.
São esses olhos rasos profundos, obscuros das negras histórias de resistência.
São esses lábios quentes, combinado meticulosamente com a pele que ferve a indomável personalidade, 
arde o beijo, pulsa o sexo, 
acelera o coração selvagem.


Essa personalidade indígena caçada a laço.
Essa loba solta no meio urbano, caçando em selva aberta. 
Esse uivo de transcendência que atravessa gerações, 
cintila em meus ouvidos esse gemido de vida! 

Essa vida que acolhemos sem medo, aceitamos anulando a dor.  

quarta-feira, 7 de agosto de 2019

A Vida Ensina

Se acreditas mesmo na evolução humana, compreenderá que 
é uma ilusão a crença que tu atrai somente aquilo que tu és. 
É necessário que pessoas de má fé cruze teu caminho, 
sem essa demagogia de que semelhante atrai semelhante.
Todas as pessoas tem sim algo a acrescentar em sua jornada, 
seja um aspecto teu que precisa ser trabalhado para melhoria, 
seja um aspecto dela que anseia por refinamento que em si já tenha sido aperfeiçoado. 
A vida ensina sem fazer distinção, 
sem discriminar; 
um dia teu mestre é extremamente evoluído em todos os aspectos e no outro repleto de falhas. 

Mayara Bragança 

sexta-feira, 31 de maio de 2019

In-Visibilidade

O que dizer sobre as meias verdades que insistem se tornarem inteiramente verdades?

O que dizer sobre o silêncio que se instala entre uma questão e outra?
Alheia, observo o mundo lá fora; 
pessoas transitando, se esbarrando, se desculpando, nem se olhando. 
Alguém aumentou o volume do som dos sapatos que apressados pisoteavam o asfalto sinalizando a "magnifica" urbanização. 
Ainda posso ouvir a música aqui dentro. 
Pés descalços não fazem barulho. 
Fazem melodias. 
É notória a música que toca quando pés descalços abraçam os gramados perdidos na selva de pedras. 
Os pássaros voando entre os arranha-céus cheios de nostalgia da época em que esses obstáculos cinzentos, eram copas de enormes arvores onde construíam seus ninhos. 
Alguém passou por uma garotinha, não a enxergou e ela não se incomodou. Acreditou no poder de sua capa da invisibilidade e seguiu tranquila. 
É uma garotinha lindamente negra, que usa todos os dias a mesma pele, a mesma capa que os pais lhe deram ao nascer, (para se proteger na selva). Curiosamente seus passos não faziam barulho entre os demais passos dos quais ela se desviava para não ter marcas, não ser pisoteada como o asfalto. 
Seu som era diferente dos sons que vibravam lá fora. 
Era o silêncio do misterioso invisível. 
Nem os carros notavam a sua presença, 
exceto aquela viatura policial que reduziu a velocidade enquanto por ela passava. 
De repente ela se abaixou para pegar a capa da invisibilidade que havia caído por milésimos segundos, jogou-a sobre os ombros e o silêncio permaneceu enquanto ela seguiu seu destino. 
Alheia, observo as luzes se acendendo, iluminando a cidade. 
Vejo pessoas sorrindo, embriagando-se de vida e de morte. 
Agora os sons mais altos são de risos e vozes. 
As músicas tocam em diferentes estilos e ambientes. 
Vejo novamente a garotinha passando, sorrindo de encontro a outras pessoas que usam a mesma roupa. 
Ela continua a usar sua capa, mas agora sorri e emite sons, seu timbre atrai uma quantidade considerável de pessoas. 
Há algo diferente; a força de sua voz diminui a
 invisibilidade da capa preta que a envolve. 
Hoje ela faz silêncio quando quer, mas quando necessário sabe fazer ecoar sua voz, exigindo ser ouvida com ousadia se desejar. 
Ela é de fato uma garotinha incrivelmente sagaz e lindamente negra, falandosobre meias verdades que insistem serem verdades inteiras!
Mayara Bragança


quinta-feira, 30 de maio de 2019

Sociedade Febril

Dá série "Anjos Caídos", 
me digam: quem nunca caiu? 
Todos caem! 
Todos caem?  

Com toda certeza, alguns não caem, simplesmente se lançam. 
Lançam-se na vida como se logo abaixo houvesse uma cama elástica imaginável que os mandariam de volta a superfície assim que a estrutura física tocasse o suposto fim da queda. 
A adrenalina liberada talvez seja o combustível para alguns. 

A adrenalina liberada talvez seja o motivo dos que se recusam arriscar, 
exigindo padrões de conduta que resguardem suas covardias, 
seus medos latentes do que se encontra para além das explicações lógicas. 
Como não se lançar em um mundo tão vasto de perfeições naturais e 
imperfeições humanas? 
Se jogar talvez seja nossa única salvação enquanto seres vivos na tentativa de permanecemos vivos. 
Vivos!
 Daquele tipo de vivo que o menor despertar se torna um despertar tão óbvio que se complexificam afim de que poucos tenham acesso a tamanha objetividade humana. 
Eu disse Subjetividade?
Essa objetividade que de tão subjetiva, esquadrinha o humano que simplesmente é, 
na tentativa vã de ensiná-lo a 'ser.' 
De novo! 
Como se o humano não tivesse vindo ao mundo sabendo "ser", 
como se em algum momento alguém sentisse a necessidade de receber o mérito da criação, essa criação limitada; 
criando o que na verdade intrínseca já havia sido criado para simplesmente ser. 
O que de novo tem nessa dança em que os humanos tentam descrever os humanos,
na tentativa vã de entender e definir o indefinível, 
enquanto pouco se sabe do real significado valorativo da nomeada humanidade? 
Que olhar lançar sobre essa sociedade fabril, 
que em seu estado febril andam lançando a margem o humano em si, 
problematizando os que não se encaixam em suas perversas etiquetas sociais?

Mayara Bragança



sexta-feira, 24 de maio de 2019

Intitulada Clarice

Quantas partidas serão necessárias para que haja de fato uma chegada?
Quantos corações quebrados acumularás
 buscando por um coração pulsante 
que não se permite, que só se esconde?

Ainda que se vá e volte, não será o mesmo ser que retorna em busca de ti, 
pois muito se perde nessas rajadas de vento arrastante.

Mesmo que essa alma cigana insista em partir, 

não finjas que não houve um pouco de ti em sua bagagem. 
Não desminta suas convicções, não traia sua alma dessa forma grotesca, 
se apenas negas a teu íntimo um passo dessa dança por medo de ser conduzida, 
não lamentes a revolta que se volta nessa reviravolta 
que te enlaça silenciosa e sorrateira.
Se as palavras não encontrares o caminho de seu âmago, 
sem julgamentos precipitados, 
não se entregue a hipocrisia de lançar o convite a sorte enquanto preparas veemente barreiras a porta de entrada, 
afiando lanças afim de se proteger de algo que pouco se sabe a veracidade de perigo iminente. 
Extrapolas teu próprio pudor, sabotando teus rompantes de permissões passageiras 
até que se passe rente a teus olhos a possibilidade do que poderia vir a ser. Aborta teus anseios e lamenta o toque desejado, 
livre de se ver nua diante de uma vida que perfura essa camada de indiferença que usas diante do medo de se permitir ser ao menos uma vez, 
por um instante. 
Porque há culpa em seu desejo ardente e há também vergonha da própria culpa que dilacera suas entranhas. 
Há fogo em seu olhar Clarice, isso não negas e não se pode controlar o que se queima internamente 
e há combustível em mim pelo que poderia deixar arder essa chama de forma completa e atemporal. 
Não foges do que vem de fora, 
foges do que te entorpece a alma e se depara com essa combustão a sua frente e mesmo que haja um mundo para além do que vê, se distrai vidrada nessas labaredas sedutoras. 
Não confundas, amada Clarice, essas línguas de fogo com a língua que anseia percorrendo seu corpo.
Uma queima tua pele.

A outra acaricia tua pele enquanto queima tua alma!
Fuja! Fuga!

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Sociedade Cansativa

Um dia a gente cansa.
Cansa de ver a hipocrisia humana sobressaindo.
Cansa de ver gente honesta sendo pisoteada.
Cansa de ver a injustiça uniformizada de justiça fazendo valer a intolerância racial, social..

Um dia a gente aprende que nem sempre o certo é o caminho mais certo a seguir,
Que a importância dos valores se tornaram preços, preços esses que uns pagam caro para sobreviver, enquanto outros sentam em seus tronos chamados de poder e assistem este cenário decadente, tomam seus vinhos banhados a sangue inocente depositados em suas taças de indiferença alheia.
Um dia a gente percebe que o  mundo não está ao contrário, as pessoas é que andam na contramão guiadas pelo seu desespero existencial. O mundo não está indo de mal a pior, as pessoas é que não sabem mais distinguir o que é mal ou o que é pior, viver, sabendo que alguns morrem antes mesmo de terem nascido plenamente, por pura falta de sorte, por puro azar de não fazer parte de um sistema capitalista, por não se enquadrarem em certas etiquetas sociais criadas pelos autores de toda essa devastação humana.
Jogos Mortais.
Jogos Vorazes.

Jogos!
Como manter o AMOR vivo diante deste cenário em que nos encontramos? Seguindo de olhos vendados?
Como não escolher um lado, em um mundo que nos obriga o tempo todo a sermos competitivos, desumanos, desleais.. ?

Nas escrituras dizia que 'o amor de muitos se esfriariam.' 
Será verdade?
Será porque?

Será o mundo seguindo seu fluxo, ou serão as pessoas se perdendo acreditando que estão se encontrando?




M.Bragança

domingo, 15 de janeiro de 2017

Habitat

Dentre vários infinitos.. universos paralelos.
Com a imensidão toda a seu dispôr, espaços inimagináveis que lhe pertence.
Ainda assim.. Ainda assim querer apenas um pedaço de todo esse vasto mundo,
Um pedaço que não se pode habitar de qualquer forma,
Um pedaço que bombeia oxigênio em vida.



quarta-feira, 27 de julho de 2016

Não Ouço o Lançar

O que ouço não entendo e o que entendo não consigo explicar. 
Falo o que acho que penso e penso que falo sempre o que não precisa ser dito. 
O que digo perde o sentido no momento em que escapa de meus lábios, 
cada silaba embrulhada em milhares de significados simbólicos 
não podem repassar os fragmentos de minha mente barulhenta e inconstante, 
errante, 
vacilante. 
O que digo com pressa nem me ouço dizer, 
o que digo tropeça os vários sentidos que poderia nascer. 
O que penso ultrapassa sempre o sentido das palavras 
  e
 não faz sentido falar o que 
se expressado for, anula o verdadeiro valor. 
Logo eu que das palavras queria viver, das palavras estou sempre a morrer. 
Morrer. 
Palavra pesada. 
Morre parte de mim em cada frase dita e mal interpretada, 
me arranho inteira por dentro, me arranco pedaços internos e 
lanço no mundo em forma de comunicação, 
mas falta sempre o ar da graça, ou que chamam de 'interpretação'. 
Então lanço pedaços meu por toda parte porque? 
Para quê?
 Lanço pedaços de minha carne quente em um universo frio que não a compreende. 
Lanço-me ao desconhecido como conhecido e desconheço cada parte lançada perdida nesse nada. Tenho me lançado por tanto e tanto pra mim, nesse mundo é tão pouco ou quase nada. 
Lanço-me fervendo, intensa, 
ao cair me percebo fria, indiferente. 
Lanço-me ao espelho talvez. 
Vejo do outro lado algo que borbulha como minha mente insana, 
vejo intensidade voraz e me lanço nesse vulcão de humanidade,
 mas ao lançar meu pedaço em chamas, bato em uma parede de textura fria e dura, 
cai sem vida meus pedaços em cinzas ao chão, 
esse abismo do mundo entre eu e isso que chamam de
 'o outro'. 

M.B.